INTRODUÇÃO AO JAPONÊS

A escrita japonesa não é composta por letras como as escritas ocidentais, mas por ideogramas e por fonogramas silábicos. Outra diferença na escrita é que ela se dá da esquerda para a direita e em colunas, o extremo oposto da escrita Ocidental. Com a globalização, entretanto, está se tornando freqüente escrever da esquerda para a direita em linhas.

Os ideogramas compõem o alfabeto Kanji ("caracteres chineses"), recebendo esse nome por terem sido adaptados do Mandarim tempos atrás. Existem quase 50 mil kanjis; os mais antigos datam do século XV a.C., tendo se originado de pictogramas (figuras que representavam idéias e entidades). Nomes próprios são escritos em Kanji e, com isso, além da sonoridade, os nomes ganham significados interessantes. São usados em frases para representar unidades lexicais, transcrever noções (substantivos, radicais verbais), podendo ser lidos de maneiras diversas, segundo o contexto.

Já os fonogramas silábicos são chamados Kanás ("nomes temporários"); são caracteres originados da simplificação de Kanjis. Dividem-se em dois silabários de atualmente 46 caracteres cada: Hiraganá e Katakaná .


CONTEÚDO DESTA PÁGINA
Romaji | Os Fonemas do Go-juu On-zu | Pronúncia | Hiraganá | Katakaná | Sílabas Fonéticas e Semi-Fonéticas | Vogais Longas | Consoantes Duplas | Sílabas Contraídas | Fonogramas Variantes

Muitos textos desta página foram adaptados das páginas Kana da antiga Animax Plug-In.


Páginas Complementares

Kanji » Leituras e significados dos Kanjis que aparecem neste site. Disponível, mas em desenvolvimento.

Dicionário » Significados de termos compostos que aparecem neste site. Disponível, mas em desenvolvimento.


Romaji

Este Ji é o mesmo de Kanji e significa "caractere", "letra". Roma é mesmo Roma, escrito em Katakaná. Então: Romaji = Caracteres Romanos. Designa os sistemas de romanização, ou seja, da grafia palavras japonesas com o alfabeto romano (o nosso). Eu gosto de escrever seguindo à risca as sílabas, e é o sistema que uso em todos os meus documentos. Gosto também de separar Kanjis numa palavra com um hífen. Não escrevo Kan-ji, Kata-ka-na, Hira-ga-na, Romaji etc. pois uso suas versões "aportuguesadas". Note que apesar de silabicamente escrever-se "kou", por exemplo, o ditongo OU pronuncia-se OO, ou seja, um O puxado. Geralmente o primeiro O funciona como vogal e o segundo como semivogal (ÔO).

O Romaji foi introduzido no Japão por missionários estrangeiros a partir do século XVI. Apesar de ser amplamente utilizado, os japoneses não se adaptam facilmente e se confundem freqüentemente. Mas são os computadores a principal preocupação dos lingüistas japoneses. Com a popularização do computador como ferramenta do dia-a-dia, surgiram softwares que traduzem japonês para inglês (como os da NJStar , que recomendo). Sendo impossível arquivar 50 mil desenhos tão complicados como são os ideogramas Kanji, tiveram de ser simplificados. Não poderiam faltar críticas. "O que se vê atualmente, são intelectuais que conseguem ler kanji mas, em compensação, não sabem como escrevê-los", diz uma delas, feita pelo Prof. Toshiyuki Kuribayashi. Apesar de tudo, uma escrita de aproximadamente dois milênios de uso não deverá acabar no terceiro.


Os fonemas do Go-juu On-zu

Go-juu é o número 50 e on-zu significa "ilustração (tabela) dos sons". É um método de organização dos silabários Katakaná e Hiraganá. Abaixo está a Go-juu On-zu em Romaji:

A Ka Sa Ta Na Ha Ma Ya Ra Wa N
I Ki Shi Chi Ni Hi Mi   Ri    
U Ku Su Tsu Nu Fu Mu Yu Ru
E Ke Se Te Ne He Me   Re
O Ko So To No Ho Mo Yo Ro O

Para fazer essa tabela basta manter em mente a ordem japonesa das vogais (A, I, U, E, O), que determinam as linhas (dan), e a disposição das consoantes (K, S, T, N, H, M, Y, R, W), que determinam as colunas (gyo). Os fonogramas dos silabários serão apresentados nessa ordem. Os japoneses escrevem essa tabela no sentido inverso, começando A-gyo pela direita e seguindo para a esquerda. Isso porque os japoneses aprendem a ler da direita para a esquerda e de cima para baixo ao contrário dos ocidentais. Seus dicionários seguem essa forma de leitura e a ordem da Go-juu On-zu (A, I, U, E, O, Ka, Ki, Ku, Ke, Ko...).

Mas espere! Onde estão os 50 sons? Pois é, os sons que faltam, como Yi ou We, sumiram da tabela como sumiram de uso. E na sílaba Wo o W se tornou mudo, sendo raramente pronunciado.


Pronúncia

O corpo fonético português é o mesmo do japonês, mas deve-se manter em mente que, em Romaji, cada letra representa um único som. Além disso, esqueça acentuação quando ler palavras japonesas. Todas as sílabas têm o mesmo tempo e nenhuma se destaca entre elas. Por exemplo, leia as sílabas de arigatou separadamente: á-ri-gá-tôo. Acentuação não conta num idioma que dispensa espaços entre as palavras.

R é sempre lido como em "arara", nunca como em "rato". O som do R em "rato" é representado por H, como em inglês. O mesmo vale para S, que sempre é lido como em "saúde", nunca como em "asa". Para esse S português corresponde o Z do Romaji. Além disso, todas as consoantes (exceto N) sempre trazem uma vogal à direita.

Sílabas como Sha (Shi + Ya), Ja (Ji + Ya) e Cha (Chi + Ya) são freqüentemente escritas como Sya, Jya e Cya ou Tya, dependendo do gosto do freguês. Como quer que seja, a pronúncia é sempre a mesma: xá, djá e tchá.

J não é lido como em "jipe" mas como em "dinheiro" (da Bahia para baixo, onde é pronunciado djinheiro. De Pernambuco para cima é "dinheiro" mesmo). Assim, leia Ju como Dyu (dju). Quanto às vogais, A é sempre agudo (á) e E & O são sempre graves (ê e ô).

Quando se escreve em Katakaná consoantes sós, como em "armário", ela é acompanhada de u, que normalmente é meio mudo. Assim, ficaria ARUMARIO. Em palavras como "Gundam" se escreve "Gundamu" e não "Gundan". O u de Mu é mudo, sobrando apenas o som do M.

É importante ter em mente que o corpo fonético japonês desconhece as consoantes L e V, substituídas respectivamente por R e B. Variações não-oficiais incluem o Katakaná U assinalado com dois traços (ver abaixo em Sílabas Fonéticas e Semi-fonéticas) para representar o V.


Hiraganá

O Silabário

Processo de simplificação

Origem dos caracteres que representam
as vogais. Observe como os Kanjis foram
simplificados até chegar aos caracteres
Hiraganá. Tanto os Kanjis originais como
os Hiraganás resultantes têm a mesma
pronúncia, mas os Kanjis representam
idéias enquanto os Hiraganás representam
sílabas puramente sonoras.

O alfabeto Hiraganá é composto de kanás cursivos ("arredondados") usados para escrita informal, para conjugar Kanjis e para escrever partículas gramaticais como posposições (funcionam como preposições mas sucedem a palavra em vez de preceder) e artigos. Surgiu no Período Heian (784-1191) como o Katakaná, e nasceu do extinto man-you ka-na, escrita utilizada por mulheres e nos poemas tan-ka (com 31 sílabas). Esta era uma outra escrita simplificada que reproduzia o som dos Kanjis e que foi, à semelhança do kan-ten, "desestruturado" até a forma atual.

Alguns Kanjis que aparecem em mangás e livros são acompanhados de hiraganás, ao lado ou acima, como uma legenda: chamam-se furi-ga-na . Indica a pronúncia correta do Kanji a que se refere e é usado largamente em publicações infanto-juvenis. Em Saint Seiya foi usado para dar "segundos nomes", em inglês (usando o Katakaná), como Saint, em Kanji Sei-tou-shi ("lutador santo").


Katakaná

Katakana Gojuu-Onzu

O Silabário

Processo de simplificação

Origem dos caracteres que representam
as vogais. Observe como os Kanjis foram
simplificados até chegar aos caracteres
Katakaná. Tanto os Kanjis originais como
os Katakanás resultantes têm a mesma
pronúncia, mas os Kanjis representam
idéias enquanto os Katakanás representam
sílabas puramente sonoras.

O mais simples dos alfabetos japoneses é composto de kanás relativamente angulares (como visto à direita) usados para refletir sons e escrever palavras estrangeiras ou documentos oficiais como telegramas. Surgiu do kun-ten, uma escrita criada para auxiliar a compreensão dos textos religiosos budistas, escritos em Kanji. Ou seja, surgiu como um guia de pronúncia dos caracteres chineses. Dada a dificuldade de ler esses caracteres, os monges passaram a simplificá-los, até que tomaram a forma atual.

Graças à influência americana posterior ao Plano Marshall, o japonês incorporou centenas de palavras inglesas (e de outras línguas). Pouco se fala leite como gyuu-nyuu, mas sim miruku (milk). Ji-ten-sha deu lugar a baiku (byke) como bicicleta. Isso fora os neologismos surgidos de abreviação do Romaji. Exemplo disso é a palavra purikura, abreviação de Purinto Kurabu, Romanji de Print Club escrito em Katakaná. (Print Club são certas máquinas que tiram fotos em miniaturas.) Em casos como este, onde palavras estranhas são escritas em Katakaná, suspeite do neologismo.


Sílabas Fonéticas e Semi-fonéticas

Fonogramas do Ka-gyo, Sa-gyo, Ta-gyo e Ha-gyo têm o som das suas consoantes modificado escrevendo dois pequenos traços (lembram aspas) no canto superior direito do fonograma. Ka-gyo muda para Ga-gyo, Sa-gyo muda para Za-gyo, Ta-gyo para Da-gyo e Ha-gyo para Ba-gyo. Por exemplo, abaixo está o Ka-gyo e sob ele o Ga-gyo. Lembre-se que cada letra em Romaji tem apenas uma pronúncia, então Gi lê-se "gui" e Ge lê-se "guê".

Ka Ki Ku Ke Ko

Ga Gi Gu Ge Go

Atenção para as "duplas" Shi & Chi e Zu & Tsu. Shi e Chi mudam para Ji (pronunciado "dji") e Zu e Tsu mudam para Zu (Tsu "quase" vira "dzu"). A pronúncia e a escrita em Romaji são as mesmas nessas "duplas", embora sejam diferentes fonogramas.

Ha-gyo, além de ser alterado para Ba-gyo, é alterado para Pa-gyo (abaixo, Pa, Pi, Pu, Pe, Po), adicionando um pequeno círculo no lugar dos dois traços.


Vogais Longas

Chou-on

Vogais longas em japonês diferem daqueles em português pois o som das vogais não muda, ocorre apenas que o som é preso por uma sílaba extra. Em Hiraganá, isso é feito adicionando a mesma vogal imediatamente após a mesma, com exceção de O - seguido por U - e E - seguido por I. Em Katakaná, vogais longas são escritas seguindo a sílaba com um traço que segue a direção do texto (um "hífen" numa disposição horizontal ou uma "barra" numa disposição vertical). São raras as ocorrências de E longo.

Jamais ignore vogais longas ao escrever em Romaji. Abaixo está um exemplo.

Shoka (Sho-ka) = estante de livros

Shouka (Shou-ka) = curso comercial


Consoantes Duplas

Soku-on

Kakkoi Várias palavras japonesas romanizadas apresentam consoantes duplas, como em "kakkoi".

Kakkoi quer dizer "legal", "é isso aí' e escreve-se KA-tsu-KO-I, sendo o fonograma Tsu menor que os demais. Isso quer dizer que antes da referida consoante ser pronunciada faz-se uma breve pausa, como se o som fosse sair mais forte; é semelhante às consoantes duplas do italiano. Essas pausas ocorrem quando o som "tsu" se combina ao de certas consoantes; pronunciando em ritmo normal, sem se demorar, o efeito alcançado é o fortalecimento do som da consoante ligada ao Tsu, cujo som desaparece.

Quando forma uma consoante dupla, o fonograma Tsu é escrito com um quarto das dimensões dos demais. Quando escrito em papel quadriculado (para treinamento) ocupa o quadrante inferior esquerdo do quadrado. Em Romaji, Tsu dá lugar à consoante que estiver antecedendo, como visto acima.

Atenção: não confunda um Tsu pequeno com as letras minúsculas do nosso alfabeto; essa relação maiúscula/minúscula inexiste na escrita japonesa.


Sílabas Contraídas

Grande parte dos fonogramas do I-dan podem ser seguidos por um diminuto fonograma o Ya-gyo (do tamanho do Tsu descrito acima) para formar o que chamamos de sílabas contraídas.

Atenção: Dependendo do sistema de Romaji, há múltiplas variações da escrita de sílabas contraídas começadas com Shi, Ji, Chi e Ni. Por exemplo, Sha pode ser escrita Shya ou Sya; Ja pode se escrita Jya ou Zya; Cha pode ser escrita Chya ou Tya; e Nya pode ser escrita Nha.


Fonogramas Variantes

Existem posposições (preposições que aparecem após o termo ao qual se liga, em vez de antes) que são lidas de uma forma e escritas de outra. A posposição subjetiva (ligada ao sujeito) "wa", que acompanha sujeitos em orações com o verbo "ser" (desu), escreve-se com o fonograma Ha. O mesmo ocorre com "e", que significa "para" (destino de locomoção) e escreve-se com He (lê-se "re", como em "revista") e "o", posposição objetiva (ligada ao objeto) que é escrita com Wo (é o único uso desse fonograma).